Custo-efetividade do uso associado de estabilizadores de humor e antipsicóticos atípicos na terapia de manutenção do transtorno bipolar no Sistema Único de Saúde
Palavras-chave:
transtorno bipolar, antipsicóticos, antimaníacos, análise custo-benefícioResumo
Objetivo: Avaliar a custo-efetividade da associação de antipsicóticos atípicos e estabilizadores de humor na terapia de manutenção do transtorno bipolar no Sistema Único de Saúde (SUS). Métodos: Assumindo os custos diretos na perspectiva do SUS, construiu-se um modelo de Markov com as transições entre eutimia, mania, depressão, descontinuação e morte. Dados foram obtidos de ensaios clínicos, coortes prospectivas e bases assistenciais do SUS (valores correntes de 2015). Com uma coorte hipotética (n = 2000, idade = 40 anos), foram simulados ciclos trimestrais no horizonte de até 30 anos (ou efetividade < 1 dia em remissão). Adotaram-se taxas de desconto, correção de meio de ciclo e análises de sensibilidade. Resultados: Os dados de eficácia permitiram apenas a análise da associação com a quetiapina. No horizonte temporal de 12 anos (48 ciclos), ocorreram 512 episódios agudos (depressão: 285, mania: 227) com a monoterapia de lítio ou valproato e 306 com associação de quetiapina (depressão: 166, mania: 139). A razão de custo-efetividade incremental (RCEI) da associação com a quetiapina foi de R$ 807,95 por mês adicional em remissão. A análise de sensibilidade demonstrou robustez do modelo, sendo a variação da dose e do preço da quetiapina seus maiores modificadores (amplitude da RCEI de R$ 541,60 a R$ 1.770,05). Conclusões: A terapia de manutenção com a associação da quetiapina ao lítio ou valproato demonstrou ser potencialmente custo-efetiva. Considerando que o uso de antipsicóticos atípicos não é desprovido de riscos, a estratégia estudada pode ser uma alternativa terapêutica em populações específicas.